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maio 5, 2023

Dois dias pedalando com meu pai


Giuvago e seu pai Vilmar, pedalando juntos no Caminho Sagrado

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Giuvago, a esquerda, e seu pai Vilmar no ritual de partida

Pai e filho devidamente “jubiliados” após fechar o circuito.

Olá. Chamo-me Giuvago Souza, tenho 36 anos, sou casado, empreendedor e morador de Turvo/SC. Sempre gostei e procurei valorizar o autoconhecimento, acredito que dentro da minha profissão e, talvez, de muitas outras, mais importante que dominar o ambiente externo é dominar o seu interno. Dominar seus pensamentos e sua mente é fundamental para alcançarmos nossos objetivos.

Quando vi a criação, os primeiros passos do Caminho Sagrado, vi a oportunidade de poder fazer e me descobrir ainda mais. Até que num final de tarde de janeiro de 2023, propomos realizar o trajeto em família e de bicicleta, haja visto que é uma atividade da qual participamos e gostamos. Assim surgia a oportunidade de estarmos fazendo esta peregrinação.

Mas, durante o planejamento até a execução da peregrinação, muitos sabotadores – internos e externos – tentaram fazer com que desistíssemos da ideia. Algumas pessoas ficaram pelo caminho, outros zombavam e desmotivavam, porém, eu e meu pai Vilmar Lafaette de Souza, de 66 anos, nos mantemos firmes em nosso objetivo.

E, assim, conforme o planejamento lá de janeiro, na manhã ensolarada do dia 21 de abril de 2023, às 8:01h da manhã, meu pai e eu partimos do Oikos em Criciúma. E partimos em família, pai e filho, para essa viagem onde os passageiros éramos só nós 2, nossas bicicletas, nossa pequena mochila, o desconhecido e o “Sagrado” nos acompanhando, durante os 175km a serem percorridos em nos 2 dias.

Logo nos primeiros quilômetros já aprendemos primeira grande lição do trajeto:  atenção plena, estar no momento presente, atento, aos sinais nas placas, as flechas nos postes, as instruções do mapa, para evitar se perder – o que ocorreu algumas vezes -, confesso que encontrar o sinal reconforta a jornada. Lidar com a expectativa, realidade e frustração, já que durante a preparação a troca de experiência entre os que já realizaram o caminho é comum, então muitas vezes você espera algo desafiador e não é tanto, e o vice-versa também, quando acha que acabou tem mais. Ter resiliência, de se adaptar ao longo do caminho, deixar as coisas fluírem. Dominar e equilibrar o mental e o físico.

A conexão com divino e/ou sagrado, poder receber uma benção na primeira parada, pedalar 175km sem nenhum problema mecânico, encontrar e passar por tantas igrejas, capelas, santuários, tantas belas paisagens, – Como que aquela pedra não rola lá de cima? É certeza que divino, sagrado, algo superior a nós está aqui.

O amor, durante nossa preparação – como já compartilhei – algumas pessoas desistiram, e sobrou só eu e meu pai, já com 66 anos de idade nas costas, já com um infarto e um cateterismo sofrido há 14 anos Talvez, no fundo, ele tinha medo de encarar o caminho, pela saúde, pela distância, pela altimetria. Mas, quando eu disse que eu iria sozinho, ele superou todos esses medos, e encarou comigo, por amor, amor esse que eu não entendo (já que não sou pai), mas pude sentir na sua mais pura forma, quando eu estava cansando, eu olhava para lado e via alguém que estava fazendo aquilo por mim. Então, me motivava a ir mais além, não tenho direito de desistir, se quem me trouxe ao mundo, está ali comigo.

No dia 22/04 às 19:04h quando chegamos ao Oikos, fechando o circuito do Caminho Sagrado, nos abraçamos e agradecemos um ao outro pela oportunidade de vivenciar tudo isso. Foi uma das melhores sensações da vida. Algumas coisas vão se ressignificar ao longo desse período, ao longo da vida, ao longo do caminho, faz parte, é como uma nuvem, uma hora você vê uma coisa, outra hora outra coisa, mas os ensinamentos, aprendizados, marcas e dores, essas serão sagradas, assim como é o caminho.

Para finalizar meu depoimento, lá em Pedras Grandes – talvez lugar mais bonito da qual passamos – paramos perto de uma placa da qual dizia: “De toda a jornada, a menor parte é o caminho”. E, assim é o caminho. Os 175km e os 3400m de altimetria, são a menor parte de tudo que se aprende, tudo que se sente e vivencia, de quem aceita, vivenciar a jornada.

Se a vida é feita de histórias? Quais histórias você terá orgulho de contar? Gratidão por ser o peregrino 324 a percorrer essa jornada.

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Giuvago Souza. Peregrino número 324 percorreu o caminho de bicicleta entre os dias  21 e 22 de abril junto com seu Pai, Vilmar Lafaette de Souza.

 

Vilmar, de 66 anos, deslumbrado com a beleza do Caminho Sagrado

A alegria estampada no rosto dia tudo: cansados, mas felizes.

Depois de 175 km pedalados em dois dias, o descanso merecido, até da “magrela”


  1. Uma belíssima história recheada de verdades. Uma daquelas histórias inspiradoras. Preciso me mecher ….

  2. Ai que lindoooooooo .tô aqui m desmanchando em choro 😪😪 é emoção. Com certesa vai fica pra sempre na vida de vocês essa história linda ….. Como a leitura da bíblia Corinthians 13. E permanece a Fé,a esperança e o amor e a maior de todas com certeza é o amor .não entrressa de que forma mais o amor e os ensinamentos de um pai são valores que guardamos pra sempre em nossos corações .e parabéns pela coragem ,pela cumplicidade e. Pelo amor um pelo outro .Deus abençoe 🙌🙌🙌😍😍❤️❤️

  3. Esses dois são feras e merecem todo o nosso respeito, o grupo de ciclismo Pedal dos Manos de Santa Rosa do Sul – SC tem o previlégio de tê-los como membros e amigos. Parabéns e que sirva de motivação para mais ciclistas. 🙏👍💪

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